Brasil tem 1,3 milhão de quilombolas, segundo retrato inédito do Censo 2022 do IBGE

O Censo 2022 divulgado pelo IBGE revela que o Brasil possui uma população de 1,3 milhão de quilombolas. Essa é a primeira vez que o Censo identifica e apresenta dados sobre essa parcela da população brasileira, incluindo informações sobre sua distribuição geográfica.

Esse contingente representa 0,65% do total de habitantes do país, que é de 203,1 milhões de pessoas. Segundo o levantamento, 68,2% dos quilombolas vivem na região Nordeste, totalizando 905,4 mil indivíduos.

O estudo do IBGE levou em consideração o autorreconhecimento, e a Conaq (Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos) colaborou no processo de elaboração do trabalho.

Os quilombos surgiram durante a colonização brasileira como resposta à violência sofrida pelos negros escravizados trazidos da África. Atualmente, essas comunidades são formadas, em grande parte, pelos descendentes desses cativos e ex-escravizados.

A pesquisa domiciliar considerou a autodeclaração como critério para a produção das estatísticas. A Bahia é o estado com o maior número de quilombolas, com quase 397,1 mil, equivalente a 29,9% do total. Em seguida, o Maranhão ocupa o segundo lugar, com quase 269,1 mil (20,3%).

Do total de 5.570 municípios brasileiros, 1.696 (cerca de 30%) possuem moradores quilombolas. A cidade de Senhor do Bonfim, na Bahia, lidera a lista com quase 16 mil quilombolas.

A identificação dos quilombolas é de extrema importância para aplicação de políticas públicas em áreas como saúde e educação, e também para fortalecer reivindicações das comunidades. A série histórica com a metodologia do Censo permitirá análises comparativas com períodos anteriores a 2022.

O Censo também identificou 494 territórios quilombolas no Brasil, com 167,2 mil quilombolas vivendo nessas áreas delimitadas, enquanto cerca de 1,2 milhão (87,4%) vivem fora das áreas formalmente reconhecidas.

A divulgação desses dados é vista como um marco histórico para a estatística oficial do país, fornecendo informações essenciais sobre essa importante parcela da sociedade brasileira. A próxima publicação do Censo, prevista para agosto, trará informações sobre os indígenas.

Foto: Folhapress