Cientistas brasileiros desenvolvem medicamento que devolve mobilidade a tetraplégicos
- José Augusto

- 11 de set.
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Pesquisadores brasileiros criaram um medicamento experimental capaz de recuperar parcialmente os movimentos de pessoas com lesões na medula espinhal, utilizando uma proteína presente na placenta, a laminina. O fármaco, chamado polilaminina, já apresentou resultados promissores em testes humanos e animais.
O bancário Bruno Drummond de Freitas foi um dos participantes do estudo e recebeu o tratamento 24 horas após um acidente de carro que causou uma lesão grave na medula. Ele conseguiu recuperar completamente os movimentos, contrariando as expectativas médicas iniciais. "No início, os médicos disseram que eu ficaria em cadeira de rodas para o resto da vida.
Depois, que talvez conseguisse andar com muletas. Mas eu nunca perdi a esperança. Um dia, ainda no hospital, mexi o dedão do pé e aquilo foi um choque para todo mundo", relatou Bruno.
Em testes com animais, quatro dos seis cães que receberam o tratamento também recuperaram os movimentos, reforçando a eficácia da polilaminina.
O medicamento está sendo desenvolvido pela farmacêutica Cristália, em São Paulo, e ainda depende da aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para novos testes clínicos que regulamentem seu uso.
A pesquisa, conduzida pela professora Tatiana Sampaio, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), contou com 25 anos de estudos e apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), além da colaboração de neurocirurgiões, fisioterapeutas e outros especialistas da saúde.
Como funciona a polilaminina
A medula espinhal conecta o cérebro ao restante do corpo, sendo fundamental para a movimentação. Lesões graves podem resultar em tetraplegia, impedindo o movimento de braços, pernas e pés.
A proteína laminina auxilia na regeneração do sistema nervoso, criando novas conexões entre os neurônios acima e abaixo do local da lesão. Isso permite a transmissão de impulsos elétricos que possibilitam a movimentação. Segundo Sampaio, a laminina representa uma alternativa mais simples, segura e econômica em comparação ao uso de células-tronco.
Disponibilidade
Ainda não há previsão de venda da polilaminina. O medicamento só poderá ser comercializado após a conclusão de novos testes clínicos e autorização da Anvisa. Caroline Alves, presidente da Faperj, destacou que a pesquisa tem potencial de transformar vidas.



