Correios fecham 2024 com prejuízo de R$ 2,6 bilhões — o maior em oito anos
- José Augusto
- há 2 dias
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Os Correios encerraram o ano de 2024 com um prejuízo de R$ 2,6 bilhões, segundo balanço divulgado nesta sexta-feira (9) no Diário Oficial da União. O resultado negativo é quatro vezes maior do que o registrado em 2023 e o maior desde 2016, quando a estatal teve déficit de R$ 1,5 bilhão.
Além do prejuízo, uma auditoria independente apontou ressalvas nos dados contábeis da empresa, indicando fragilidade nos controles internos para calcular possíveis perdas judiciais.
Queda nas receitas e alta nos custos
A receita dos Correios caiu de R$ 19,2 bilhões em 2023 para R$ 18,9 bilhões em 2024 — a menor desde 2020. Enquanto isso, os custos operacionais aumentaram R$ 716 milhões no mesmo período, atingindo R$ 15,9 bilhões — o maior patamar desde 2017.
A maior parte dos gastos operacionais foi com pessoal: R$ 10,3 bilhões, impactados por reajustes salariais e benefícios previstos no Acordo Coletivo de Trabalho.
Já as despesas gerais e administrativas também bateram recorde: R$ 4,7 bilhões em 2024, alta de R$ 655 milhões em relação ao ano anterior.
Investimentos e perdas no mercado internacional
Apesar do rombo, os Correios reforçaram que seguirão investindo em modernização e sustentabilidade. Em 2024, foram R$ 830 milhões investidos — somando R$ 1,6 bilhão desde o início da atual gestão. Destacam-se a aquisição de:
50 furgões elétricos,
3.996 bicicletas cargo com baú,
2.306 bicicletas elétricas e
1.502 veículos para renovação de frota.
Mesmo assim, a empresa enfrentou forte queda na participação do mercado de encomendas internacionais, passando de 98% para cerca de 30%. Isso se deve a mudanças na legislação de importação e à entrada de novas empresas no setor logístico, como Shein, AliExpress e Amazon.
A estimativa de arrecadação com frete internacional era de R$ 5,9 bilhões, mas o valor final ficou em R$ 3,9 bilhões — uma frustração de receita de R$ 2 bilhões.
Estratégias para reverter o cenário
Para contornar as perdas, os Correios lançaram um marketplace próprio e planejam abrir:
200 lojas "Correio Modular" (estoques de encomendas em estabelecimentos parceiros),
900 pontos de coleta em comércios locais.
Essas medidas visam modernizar a operação, reduzir custos com agências fixas e gerar novas fontes de receita.
Críticas à privatização
No relatório que acompanha os dados financeiros, os Correios reafirmaram seu posicionamento contrário à privatização. A empresa defende que seu caráter público é essencial para garantir acesso universal aos serviços postais.
"Os Correios são indispensáveis porque são públicos. Só uma empresa com vocação social é capaz de conectar pessoas, promover cidadania e viabilizar oportunidades em todo o território nacional", destacou a estatal.