Crise econômica na Argentina afeta empresas brasileiras no país

A crise econômica que assola a Argentina está impactando diretamente as operações de empresas brasileiras no país vizinho, levando até mesmo a saídas significativas, como a recente decisão do Itaú Unibanco de encerrar suas atividades após mais de quatro décadas de atuação. A instabilidade é apontada como uma combinação de inflação acima de 100%, falta de divisas e agitação política, gerando falta de previsibilidade e insegurança jurídica.

O Itaú Unibanco anunciou a venda de toda a sua operação na Argentina para o Banco Macro por R$ 250 milhões. A medida se deve à incerteza econômica e política, somada à dificuldade de transferência de moeda estrangeira para o exterior.

Outras multinacionais também deixaram a Argentina nos últimos anos, como a farmacêutica americana Eli Lilly, a empresa de entregas colombiana Glovo e a rede chilena de lojas de departamentos Falabella.

A situação afeta não apenas as empresas que deixam o país, mas também aquelas que continuam operando. Para as empresas brasileiras que exportam para a Argentina, as barreiras cambiais são um grande obstáculo. O governo argentino tem implementado restrições à obtenção de dólares, prejudicando o pagamento de exportações.

A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) mencionou que a indústria de calçados tem enfrentado problemas devido ao acesso limitado ao mercado de câmbio e ao atraso de até seis meses para o pagamento das importações.

A incerteza também afeta o mercado de eletrônicos e eletroportáteis, levando a exportações feitas somente à vista e de forma antecipada.

Além disso, a recente criação do imposto "Pais" sobre produtos importados adicionou complexidade ao cenário, resultando em redução das vendas aos argentinos.

A crise econômica na Argentina permanece um desafio significativo para as empresas estrangeiras que buscam operar ou expandir seus negócios no país, refletindo a volatilidade e a incerteza presentes na economia argentina.