Mercosul discute resposta de Lula e enviará acordo à União Europeia até o fim de agosto

O Mercosul, formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, está discutindo a resposta do governo de Luiz Inácio Lula da Silva ao acordo comercial com a União Europeia. A expectativa é que o grupo sul-americano envie o documento final aos europeus até o fim deste mês. Caso seja concluído, o tratado criará uma das maiores áreas de livre comércio do mundo, com quase 720 milhões de pessoas, representando cerca de 20% da economia global e 31% das exportações mundiais de bens.

Se as regras do acordo já estivessem em vigor em 2022, aproximadamente R$ 13 bilhões em exportações brasileiras para o bloco europeu não teriam pago imposto de importação, conforme estimativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Com o tratado, cerca de 95% de todos os bens industriais terão o imposto de importação para entrar no mercado europeu zerado em até dez anos. Mais da metade desses produtos, quase 3.000, terão o benefício imediato na entrada em vigor do acordo, de acordo com a confederação.

O acordo entre o Mercosul e a União Europeia pode tornar as empresas brasileiras mais competitivas e ampliar seu espaço no mercado europeu, além de favorecer o diálogo e a cooperação política em diversos temas, como mudanças climáticas e segurança pública.

A CNI argumenta que o acordo contribuirá para a diversificação das exportações brasileiras, o que é visto como ideal para a reindustrialização do país. Isso ocorre porque, nos últimos anos, o Brasil priorizou as vendas para a China em detrimento das vendas para a Europa.

Entre 2002 e 2022, a participação da União Europeia nas exportações brasileiras caiu de 23% para 15%, enquanto a participação da China cresceu de 4% para 27%. Segundo a CNI, 22% das exportações brasileiras para a China em 2022 foram de bens da indústria de transformação, que representaram 49% de tudo o que o país exportou para o bloco europeu no ano passado.

Foto: RIcardo Stuckert