Militares anunciam golpe no Gabão e prendem presidente após eleições
- José Augusto
- 30 de ago. de 2023
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Um grupo de oficiais das Forças Armadas do Gabão declarou um golpe de Estado em um anúncio transmitido pela televisão nesta quarta-feira (30), logo após a divulgação dos resultados das eleições gerais. Alegando fraude, os militares colocaram o líder Ali Bongo, que deveria iniciar um terceiro mandato, em prisão domiciliar.
Se concretizado, esse golpe seria o oitavo registrado na região da África Ocidental e Central em apenas três anos. O mais recente ocorreu no final de julho, quando as Forças Armadas tomaram o poder no Níger. Esse cenário tem gerado instabilidade no continente, levando países vizinhos a impor sanções econômicas e ameaçar intervenções militares para restaurar os presidentes depostos.
Os militares do Gabão alegam falta de credibilidade nas eleições e anunciaram o cancelamento do pleito, fechamento das fronteiras e dissolução de instituições estatais, incluindo o Senado e a Assembleia Nacional. O grupo afirmou representar todas as forças de segurança e defesa do país.
O Centro Gabonense de Eleições (CGE) havia anunciado a reeleição de Bongo, com 64,2% dos votos, enquanto o opositor Albert Ossa ficou em segundo lugar, com 30,7%. Horas depois, os militares divulgaram um comunicado afirmando que estavam colocando "fim ao regime", detendo Bongo e outros líderes do governo, incluindo familiares do presidente.
O Gabão, apesar de rico em recursos naturais, é uma das nações mais pobres do mundo. A família Bongo lidera o país desde 1967, enfrentando críticas por não compartilhar adequadamente a riqueza petrolífera e mineira com a população.
Tiros foram ouvidos na capital, Libreville, após o anúncio do golpe, enquanto centenas de pessoas saíram às ruas para celebrar a tomada de poder pelos militares. O presidente Ali Bongo, cuja família está no poder há 56 anos, foi colocado em prisão domiciliar.
O golpe no Gabão aumenta a incerteza sobre a presença francesa na região. A França possui uma base militar no país africano e vem enfrentando resistência em alguns países vizinhos após episódios similares. Diversos países, incluindo China e Rússia, manifestaram preocupações e pediram uma solução pacífica para a crise.