Pelo segundo ano seguido, polícia mata apenas pessoas negras no Recife, aponta Observatório

Um estudo do Observatório de Segurança, projeto do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), apontou que, pelo segundo ano consecutivo, todas as pessoas mortas pela polícia no Recife em 2022 eram negras, seguindo a mesma tendência de 2021. A pesquisa, intitulada "Pele Alvo", evidenciou que, em Pernambuco, 89,66% das vítimas de operações policiais eram negras.

Os dados revelam que 11 pessoas negras foram mortas pela polícia na capital pernambucana em 2022, enquanto três municípios no Grande Recife registraram 100% de mortes causadas por ações policiais envolvendo pessoas negras.

Cenário Estadual:

• No total, as forças policiais tiraram a vida de 91 pessoas em Pernambuco em 2022.

• 78 dessas vítimas eram negras, representando 89,66% do total, de acordo com os critérios do IBGE.

• A proporção de negros na população do estado é de 65,09%, indicando uma discrepância notável.

O estudo também destacou que o perfil das vítimas fatais de intervenções policiais é predominantemente jovem, com 62 das 91 mortes ocorrendo em indivíduos com até 29 anos, representando 68,13% do total. O levantamento revelou que a letalidade policial aumentou aproximadamente 200% em menos de uma década.

Edna Jatobá, coordenadora estadual do Observatório de Segurança e do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop), destacou que o aumento das mortes pela polícia reflete o racismo estrutural e a falta de mecanismos para combater esse problema nas abordagens policiais. Além disso, ressaltou a necessidade de avaliar o plano de ação do “Juntos pela Segurança” lançado em julho e a ausência de esclarecimentos sobre a chacina de Camaragibe, no Grande Recife.

O estudo "Pele Alvo" utilizou dados fornecidos pelas secretarias estaduais de segurança pública, envolvendo estados como Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo. Enquanto a letalidade policial em Pernambuco é inferior à de outros estados, a pesquisa destaca um aumento preocupante nas mortes sob responsabilidade das forças de segurança.