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Brasil lidera ranking mundial de superlotação no ensino superior privado, aponta OCDE

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A educação superior brasileira enfrenta um desafio inédito: a superlotação das salas de aula, principalmente no setor privado. De acordo com o relatório Education at a Glance (EaG) 2025, divulgado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), o país ocupa a primeira posição mundial em número de estudantes por professor no ensino superior privado, com média de 62 alunos por docente. O índice é mais de três vezes superior à média da OCDE, que é de 18.


O principal fator por trás desse cenário é a rápida expansão do ensino a distância (EaD) nas instituições particulares. Atualmente, o Brasil tem 9,9 milhões de universitários, sendo que 79,3% estudam em faculdades privadas. Entre os novos alunos desse setor, 73% optaram pelo EaD, enquanto no ensino público o modelo presencial segue predominante, com 85% das matrículas de calouros.


Especialistas apontam que o modelo a distância, apesar de ampliar o acesso, intensifica a concentração de alunos sob a supervisão de um número reduzido de professores.


Além da superlotação, o relatório da OCDE acende outro alerta: o envelhecimento do corpo docente no ensino superior. Entre 2013 e 2023, o percentual de professores com mais de 50 anos cresceu 23%, alcançando 33,8% da categoria.


Embora o número ainda seja inferior à média da OCDE (40,4%), o envelhecimento preocupa diante da dificuldade de atrair novos profissionais para a carreira acadêmica. Segundo especialistas, o baixo prestígio social e a remuneração pouco competitiva reduzem o interesse de jovens qualificados em seguir a docência universitária.


O relatório da OCDE reúne dados de 38 países-membros e de nações parceiras, como o Brasil, oferecendo um panorama comparativo dos sistemas de ensino. A posição brasileira, especialmente no setor privado, chama atenção pela disparidade: nenhum outro país apresenta média de estudantes por professor tão elevada.


Os dados reforçam a necessidade de políticas públicas que ampliem a contratação e valorização de docentes, além de maior fiscalização sobre a qualidade dos cursos a distância. Para analistas, a superlotação pode comprometer a formação dos estudantes e acentuar desigualdades no mercado de trabalho.


“O Brasil democratizou o acesso, mas precisa agora investir em qualidade. Sem rever esse modelo, corre o risco de formar gerações com diplomas frágeis diante da exigência do mercado global”, avalia um dos trechos do relatório.

 
 
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