EUA anunciam possibilidade de novas sanções contra o Brasil após condenação de Bolsonaro
- José Augusto

- 16 de set.
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O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou em entrevista à Fox News que Washington poderá adotar novas sanções contra o Brasil já na próxima semana, em resposta à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Na fala, Rubio classificou os ministros da Corte como “juízes ativistas” e criticou, sem citar nomes, um magistrado que teria tentado impor decisões extraterritoriais contra cidadãos norte-americanos. Segundo ele, esse comportamento justifica uma reação imediata do governo dos EUA.
— “Você tem esses juízes ativistas, um em particular que não apenas perseguiu Bolsonaro, mas também tentou impor reivindicações extraterritoriais até contra cidadãos americanos, ou contra alguém postando online de dentro dos Estados Unidos. Haverá uma resposta, e teremos anúncios em breve sobre quais medidas adicionais pretendemos tomar” — disse Rubio, em trecho também divulgado pelo Departamento de Estado.
A expectativa, segundo analistas e interlocutores do governo brasileiro, é que as novas sanções tenham caráter individual, atingindo diretamente autoridades brasileiras envolvidas no julgamento. Em julho, por exemplo, o ministro Alexandre de Moraes já havia sido alvo da Lei Magnitsky, que bloqueou o uso de cartões Visa e Mastercard emitidos pelo Banco do Brasil, além da suspensão de vistos para parte dos ministros do STF.
No Brasil, o episódio levanta preocupações sobre possíveis efeitos econômicos. O país é um dos principais compradores de fertilizantes da Rússia e, caso medidas tarifárias sejam impostas nesse setor, pode haver reflexos no agronegócio — base de apoio do bolsonarismo.
Rubio também afirmou que a condenação de Bolsonaro a 27 anos de prisão é “mais um capítulo de uma campanha de opressão judicial”, que, segundo ele, teria como alvo até empresas americanas. O ex-presidente Donald Trump, por sua vez, reagiu de forma mais branda, classificando o julgamento como “terrível”, mas sem sinalizar retaliações diretas.
Do lado brasileiro, integrantes do governo Lula destacam que a imagem do país foi fortalecida após o julgamento, transmitindo a mensagem de que o Brasil não cedeu a pressões externas. Lula chegou a criticar o que chamou de “chantagem tarifária” durante a reunião do Brics na última semana.
Além do impasse político, permanece em aberto a investigação dos EUA sobre supostas práticas desleais no comércio brasileiro, incluindo o impacto do Pix como alternativa às empresas americanas de cartão de crédito.



